A ARTE QUE REVELA
“Círculos da Alma” é o nome que escolhi para um trabalho de autoconhecimento, em grupo, com o objetivo de despertar e desenvolver a criatividade e a expressão, através da pintura livre dentro do formato circular.
A ideia de convidar as pessoas a este trabalho criativo tão peculiar, nasceu da minha própria experiência, que em determinado momento tive vontade de fazer, dentro de um círculo, o trabalho de arte abstrata que já vinha desenvolvendo há algum tempo, nos formatos convencionais. Gostei tanto de fazê-lo e dos efeitos positivos que me causavam depois, ao contemplá-lo, que decidi pesquisar o assunto e elaborar um método de ensino, que levasse as pessoas à possibilidade de ter a mesma experiência tão especial.
Nesta época, já era cromoterapeuta e por isso, sabia do potencial curativo e harmonizador das CORES, então resolvi integrar estas duas áreas de atuação, a ARTE e a CROMOTERAPIA, utilizando o efeito transformador de ambas, para ajudar as pessoas a evoluir de uma forma prazerosa e criativa. Por este motivo, e também para diferenciá-las das mandalas tradicionais, decidi chamar “Mandalas de Cor”, os círculos coloridos que fazia.
MANDALA é uma palavra de origem sânscrita, que significa CÍRCULO. Na antiguidade, as mandalas eram usadas pelos povos do oriente como recurso para induzir à conexão com o sagrado e ampliação da consciência, através da fixação do olhar em uma mandala, enquanto meditavam. Ao contemplar, reverente, seus desenhos e signos simétricos, o discípulo percorria o caminho que une a periferia ao centro, que simboliza a “fonte interior”, o Eu Divino, realizando a UNIDADE com o TODO.
O grupo “Círculos da Alma” tem uma pretensão mais aberta e lúdica, onde o mais importante é desenvolver a espontaneidade e a liberdade de expressão, para que então, se possa fazer delas um espelho dos sentimentos e emoções transbordados no momento da criação, e através disto, possibilitar ao aluno ir além da imagem que faz de si mesmo.
SIMBOLISMO DAS CORES
As cores tem seu efeito energético inegável, mas no trabalho com as “mandalas de cor”, o que vamos pesquisar é o seu simbolismo.
Existe o simbolismo universal da cor, que é comum a todos e o simbolismo pessoal, que está relacionado ao temperamento e história de vida de cada indivíduo. Estas duas abordagens, às vezes, se misturam, em se tratando da criação artística. Por mais que haja significados universais, neste caso, sempre serão acrescentados símbolos, percepções, palavras, referentes especificamente aos sentimentos ou sensações da pessoa que criou a obra, em relação a esta ou aquela cor que usou, dentro do contexto expressivo em que está inserida.
A ABERTURA
O desabrochar precisa ser espontâneo. Não há como acelerar o processo de desabrochar de uma flor, cada uma tem o seu tempo.
No processo criativo também é assim que se dá. A princípio, há dois momentos : a criação das formas, através das cores e em seguida, o olhar atento e sensível para o que se criou. Estas duas primeiras etapas são fundamentais e precisam ser respeitadas. Existe uma ligação muito íntima diante do que se cria, logo no início, semelhante a que há entre a mãe e o seu bebê recém nascido. Este momento não permite interferências. Depois de certo tempo, esta ligação com a obra, vai se tornando mais flexível e aberta e já suporta a análise, o espelho, a tentativa de compreensão.
A TRANSPARÊNCIA
Ver o que está por traz das coisas, da aparência dos fatos, é um dom, que varia de pessoa para pessoa. Alguns são providos de muita intuição e capacidade simbólica, outros de muita lógica e capacidade crítica. Por isso, para a apreensão dos significados pessoais das mandalas criadas, há uma preparação através da meditação, com a finalidade de esvaziamento mental de todo e qualquer significado pré-concebido. A meditação faz com que as correntes fluidas dos pensamentos inquietos, cessem, e todos os “sedimentos” caiam para o fundo, tornando a “água” da alma, transparente e tranquila. Só então, é possível ver através, com pureza, sem a interferência do intelecto.
A ESCOLHA
Neste estado, estamos prontos para ver direta e simplesmente o que está por traz das imagens que criamos e ler a mensagem da alma, compreender os seus nuances, o que está submerso ao cotidiano e que nem sempre temos como atender, nutrir ou conciliar. O gesto de criar livremente dentro de um círculo cumpre, em tempo presente, esta tarefa conciliadora de harmonizar e nutrir, apenas pela força do simbolismo que há nesta forma tão especial, então, o ato de olhar neste espelho para compreender ou não, o que está sendo dito, será uma opção complementar de cada um, pois o mais importante já terá sido feito, o caminho para dentro, através da criação sensível, já foi iniciado...
Sonia Medeiros Malabar